É assim: a gente vive tanto, tão intensamente, de forma tão profunda que nem se quer se dá ao trabalho de relatar o que se está vivendo; acha-se isso uma total perda de tempo.
Mas então quando acaba, a gente ironiza tudo, tenta dar formas ao sorriso desgastado: é assim mesmo. Quando finda-se o que sequer começou (porque tempo era inimigo) dramatiza-se as frases de efeito, muda-se o timbre da voz, finge-se não entender o que foi dito pra mudar o assunto e não repetir o que dói.
A gente acha que conhece o outro, acha que se conhece, acha que erra demais, acha que erra demais tentando acertar... A gente acha demais, se cansa demais, se lamenta demais... Ah! A gente vive demais e não quer admitir, então, quando senta em um ônibus vazio acha que o tempo para relatos é exato.
29-07-2011
Então ela foi até o balcão pedir sua bebida quente.
- Garçom... Garçom, oi?!
E repara numa bela menina ao seu lado também tentando fazer seu pedido.
- Tá difícil ser atendida hoje, né?! O lugar tá cheio... Você quer o que?
- Quero uma cerveja.
Foi quando conseguiu que alguém fosse retirar seu pedido:
- Uma dose de vodka e uma cerveja pra moça aqui do lado.
Virou pra moça bonita
- Ele já trará sua cerveja. Por minha conta.
Sorriu e despediu-se apenas com o prazer de flertar.
31-07-2011